Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro
Agência FAPESP – O Brasil terá aproximadamente 470 mil novos casos de câncer em 2008 e 2009. A estimativa foi divulgada nesta segunda-feira (26/11) pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) durante o 2º Congresso Internacional de Controle de Câncer, que está sendo realizado no Rio de Janeiro.
A doença já é a principal causa de morte nos países desenvolvidos. No Brasil, é a segunda, depois das cardiovasculares. O que chama a atenção nas estimativas, no entanto, são as diferenças regionais: o mapa da incidência geral da doença (incluindo todas as neoplasias) mostra que as regiões Sul e Sudeste concentrarão o maior número de casos.
A incidência na região Norte é a menor do país, o que indicaria que o câncer tende a ocorrer com mais freqüência em regiões de maior desenvolvimento econômico. Alguns fatores podem explicar essa situação.
“O câncer aumenta à medida que as doenças infecciosas diminuem. A população passa a viver mais e adoece de outras doenças”, disse o epidemiologista Cláudio Noronha, coordenador da Área de Prevenção e Vigilância do Inca, à Agência FAPESP.
Segundo ele, o aumento de casos da doença está ligado ao envelhecimento populacional. “Quanto mais tempo uma pessoa vive, maior será sua exposição aos fatores de risco. O aumento na expectativa de vida da população brasileira, especialmente no Sul e no Sudeste, explica, em parte, as diferentes incidências entre essas e outras regiões – a taxa de envelhecimento é menor no Norte e Nordeste. Mas é importante lembrar que essas regiões são as mais populosas e recebem pessoas de todo o país”, disse.
As diferenças socioeconômicas entre as regiões também parecem pesar nas estimativas quanto ao sexo. Segundo estudo feito pelo Inca, em relação aos homens, o câncer de próstata, nos próximos dois anos, será o mais prevalente no país, mas a segunda posição indica as diferenças regionais.
Enquanto o câncer de pulmão deverá estar em segundo lugar nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, o de estômago ocupará a mesma posição no Norte e Nordeste. Em relação às mulheres, os tipos mais incidentes serão o de mama (Sul, Sudeste e Centro-Oeste) e o do colo de útero (Norte).
“Os cânceres de estômago e de colo de útero estão relacionados à alimentação inadequada e à má conservação de alimentos, fatores menos comuns nas regiões mais desenvolvidas”, observou Noronha.
As estimativas por estado mostram diferentes perfis da doença. Segundo o Inca, São Paulo liderará as estimativas para todos os tipos de câncer. As maiores taxas de câncer de próstata serão observadas no Rio de Janeiro, seguido por Rio Grande do Sul e São Paulo. Os gaúchos deverão ter maior incidência de câncer de pulmão, seguidos pelos catarinenses e pelos cariocas. Esse tipo de neoplasia será mais prevalente entre mulheres no Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná.
“Como resultado das campanhas antitabagismo e de prevenção ao câncer de pulmão, essa doença diminuiu entre os homens, mas aumentou entre as mulheres”, disse Noronha.
O coordenador da Área de Prevenção e Vigilância do Inca também ressaltou a importância da consciência de responsabilidade de cada pessoa sobre sua saúde. “Ainda ocorrem no país cerca de 10 mil mortes anuais por doenças ligadas ao tabagismo. Além disso, vale lembrar que 40% dos casos de câncer são evitáveis. Deixando de ingerir álcool e gorduras, evitam-se os cânceres de boca e de estômago, por exemplo. As pessoas têm que se conscientizar da importância de mudar hábitos”, salientou.
As estimativas podem ser acessadas no endereço www.inca.gov.br/vigilancia.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
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