Por Washington Castilhos, do Rio de Janeiro
Agência FAPESP – A amamentação pode ser uma poderosa arma na prevenção de alguns tipos de câncer. Por outro lado, o sal em excesso ou as bebidas açucaradas, como os refrigerantes, podem aumentar as chances de desenvolver tumores no estômago.
Esses são alguns dos alertas do relatório Alimentos, Nutrição, Atividade Física e Prevenção do Câncer: uma perspectiva global, lançado há duas semanas pelo Fundo Mundial para Pesquisas de Câncer e apresentado no 2º Congresso Internacional de Controle do Câncer, que terminou nesta quarta-feira (28/11), no Rio de Janeiro.
O documento reúne dez recomendações e foi resultado de uma pesquisa de cinco anos que agregou estudos de pesquisadores de diversos países. Esse segundo relatório – o primeiro foi lançado em 1997 – inclui um trabalho brasileiro sobre amamentação, da Rede Brasileira de Bancos de Leite Humano, que serviu como base para a décima recomendação.
“O novo relatório, embora apresente recomendações similares às do texto anterior, mostra evidências mais fortes de que essas recomendações estão corretas. O grande diferencial entre as duas publicações é que a atual indica que a prevenção precisa começar ainda mais cedo do que se defendia em 1997”, disse o pesquisador inglês Geoffrey Cannon, editor-chefe do relatório, à Agência FAPESP.
O relatório demonstra a importante associação entre alimentos, nutrição e atividade física com o risco de câncer. Cannon recomenda que os cuidados com a alimentação e com exercícios físicos devem começar desde cedo. De acordo com o estudo, manter-se magro dentro de limites saudáveis, evitando o consumo excessivo de carne vermelha e bebidas alcoólicas, é uma das melhores maneiras para prevenir a doença.
Segundo Cannon, a ligação entre gordura corporal e câncer é mais direta do que se imaginava. Foram encontradas evidências convincentes da ligação da obesidade com seis tipos de câncer: de esôfago, de pâncreas, do endométrio, de rim, de mama (pós-menopausa) e colo-retal.
Outra evidência encontrada no estudo é a ligação entre carnes vermelhas e processadas com o câncer colo-retal. A indicação é que não seja ingerida mais de 500 gramas de carne vermelha cozida por semana. Cannon também ressaltou a necessidade de cuidados com o consumo excessivo de sal e de açúcar. “Como herança da culinária portuguesa, o Brasil apresenta um consumo de sal que está entre os três mais altos do mundo”, alertou.
O especialista inglês destacou a importância de as orientações brasileiras sobre amamentação terem sido incorporadas ao documento. “A amamentação reduz o risco de obesidade na criança e de câncer de mama na mulher. Essa recomendação reforça ainda a necessidade de se trabalhar a prevenção e o controle do câncer por meio de todo o ciclo de vida. A amamentação exclusiva do bebê até os seis meses ajuda a evitar a obesidade, um dos principais fatores de risco para o câncer”, destacou.
Segundo Cannon, combater a obesidade é um desafio difícil. “Quando uma pessoa se torna obesa, o funcionamento do corpo muda, por isso o foco principal do relatório é sobre a prevenção da obesidade. É essencial o limite de alimentos com alta densidade energética”, disse.
As recomendações do Fundo Mundial para Pesquisas de Câncer para prevenção da doença são:
Mantenha-se o mais magro possível, sem ficar abaixo do peso.
Mantenha-se fisicamente ativo, por pelo menos 30 minutos todos os dias.
Evite bebidas açucaradas e limite o consumo de alimentos de alto valor calórico.
Coma mais alimentos de origem vegetal, como hortaliças, frutas, cereais e grãos integrais.
Limite o consumo de carnes vermelhas e evite carnes processadas.
Se for consumir bebidas alcoólicas, limite-as a duas doses ao dia se for homem e a uma dose se for mulher.
Limite o consumo de alimentos salgados e de comidas industrializadas com sal.
Não use suplementos alimentares para se proteger contra o câncer.
Lembre sempre: não fume.
Amamente as crianças até os seis meses.
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