quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Dietéticos que engordam

13/08/2007 - 11h08
Estudo feito no Canadá conclui que crianças que se alimentam com comidas e bebidas diet podem distorcer a relação entre gosto e conteúdo calórico e comer além da conta a partir da adolescência

Agência FAPESP – Pais que dão alimentos dietéticos aos filhos, com o objetivo de ajudá-los a perder ou não ganhar peso, podem estar incorrendo em grave erro. Segundo um estudo feito por pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, comidas e bebidas diet podem fazer crianças comer além da conta e levar à obesidade.

O trabalho destacou uma tendência de relacionar o gosto do alimento à quantidade de energia calórica por ele produzida. Ao consumir versões com menos calorias de alimentos que normalmente são muito calóricos, as crianças poderiam desenvolver conexões distorcidas entre gosto e conteúdo calórico, levando à ingestão excessiva ao crescer.

“O uso de comidas e bebidas dietéticas desde a infância até a vida adulta pode levar à ingestão em excesso de alimentos e ao ganho gradual de peso por meio do processo de condicionamento de gostos que verificamos”, disse o sociólogo David Pierce, principal autor do estudo, cujos resultados serão publicados na edição de agosto da revista Obesity.

Os cientistas conduziram uma série de experimentos em ratos jovens e verificaram que a substituição de alimentos comuns por versões com calorias reduzidas levaram os animais a se alimentar em demasia quando mais velhos. Os resultados foram similares tanto para animais mais magros como para os mais obesos, mas as implicações na saúde foram piores no segundo grupo.

Quando o experimento foi repetido com ratos um pouco mais velhos – com idades equivalentes à adolescência em humanos –, os resultados foram diferentes: os animais, posteriormente, não apresentaram a mesma tendência a comer em excesso.

Segundo os pesquisadores canadenses, ao contrário dos mais jovens, os animais adolescentes aprenderam a relacionar mais corretamente a relação entre gosto e componente energético.

O cientista destaca que mais estudos serão necessários para esclarecer melhor o assunto, “mas a pesquisa mostra que animais jovens podem ser levados a comer em demasia quando submetidos diariamente a alimentos com baixa caloria e que isso causa um desequilíbrio no sistema de balanço energético”.

“É melhor que as crianças se alimentem de maneira saudável, com dietas bem balanceadas e com calorias suficientes para suas atividades diárias, do que ingerir lanches ou alimentos com poucas calorias”, disse Pierce. “Pais e profissionais de saúde devem estar cientes disso e de que a forma tradicional de manter crianças saudáveis e esbeltas, por meio de refeições bem balanceadas e exercícios regulares, é a melhor.”

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