quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Cérebros loucos por comida

Neuroimageamento revela uma forte relação entre chocolatria e uso de drogas
por Kristin Leutwyler Ozelli para a SciAm.



"Nora Volkow é diretora do National Institute of Drug Abuse. Antes de assumir esse cargo em 2004, ela ocupou vários postos no Brookhaven National Laboratory e foi também professora de psiquiatria e professora-associada na faculdade de medicina de Stony Brook University. Nas suas pesquisas, ela foi a primeira a usar a tecnologia de imageamento para investigar mudanças neuroquímicas associadas ao vício"

Inúmeras evidências mostram que o comer compulsivo e consumo de drogas envolvem alguns circuitos cerebrais que atuam de formas semelhantes, trazendo uma nova visão para a compreensão e o tratamento da obesidade, explica a Dra. Nora D. Volkow, diretora do National Institute on Drug Abuse e pioneira no estudo de viciados, numa entrevista para a Scientific American.

Que circuitos do cérebro são igualmente ativados pelo consumo de alimentos e pelas drogas? O sistema neural ativado tanto pela ingestão compulsiva de alimentos quando consumo de drogas é basicamente o circuito que evoluiu para recompensar comportamentos essenciais à sobrevivência. Em geral, as pessoas, são atraídas pelos alimentos porque isso é recompensador e produz prazer. Quando experimentamos prazer, nosso cérebro aprende a associar essa sensação com as condições que o predispõem a isso. Em outras palavras, o cérebro lembra não apenas do sabor da comida, mas também da sensação de prazer em si, assim como das sugestões ou comportamentos que o precederam.

Essa memória fica mais forte à medida que o ciclo de predição, busca e obtenção do prazer torna-se mais confiável. Em termos científicos, chamamos esse processo de condicionamento.As drogas são particularmente eficientes como estímulos condicionantes, primeiramente em virtude de suas propriedades químicas. Estímulos naturais como comida ou sexo, levam mais tempo para ativar o circuito da recompensa. O condicionamento que é igualmente importante para esses dois estímulos, estabelece um elo entre a memória e não somente a um estímulo, mas também ao ambiente onde se encontra e a outras ofertas disponíveis. É exatamente isso que a natureza pretende: se a ação necessária para atingir uma experiência prazerosa for disparada exclusivamente pelo estímulo em questão, a resposta condicionada será muito ineficiente.
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