Por Carlos Fioravanti
Pesquisa FAPESP – No mês passado ganharam o mundo dois estudos que mostram quão dramático é o quadro de uma das doenças mais temidas da humanidade, a tuberculose. Um deles descreve uma nova linhagem da principal espécie de bactéria causadora de tuberculose, o bacilo Mycobacterium tuberculosis, que apresenta uma perda do genoma uma vez e meia maior que a maior perda já encontrada em qualquer outra das seis espécies do gênero Mycobacterium que causam tuberculose.
Mesmo assim sobreviveu, reforçou a capacidade de escapar das células de defesa do organismo e se tornou a responsável por um em cada três casos de tuberculose registrados no Rio de Janeiro. A infecção por essa linhagem, chamada de RD-Rio por ter sido descoberta lá, está associada com emagrecimento mais intenso, mais escarro de sangue e mais perfurações no pulmão.
O outro trabalho, com laboratórios de nove países, mostra que essa linhagem predomina sobre centenas de outras nos Estados Unidos, na América Central e na África. Este mês deve sair um terceiro artigo mostrando que essa mesma variedade causa um terço da tuberculose registrada também em Belo Horizonte.
“Nossa hipótese é que essa linhagem pode passar despercebida e se espalhar mais facilmente por ter perdido parte dos genes que levam à produção de proteínas que a denunciariam ao organismo hospedeiro, mas aparentemente não apresenta mais resistência do que as outras ao tratamento com antibióticos”, diz Luiz Cláudio Lazzarini de Oliveira, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que voltou ao Brasil no mês passado após três anos na Universidade Cornell, Estados Unidos.
Esses estudos, de que ele participou, exibem não só um dos mecanismos pelos quais a bactéria da tuberculose sobrevive e ganha vigor, mas também o desamparo diante de uma doença que, quando não mata logo, torna a vida uma sucessão de angústias e dores regidas pela sombra da morte, como o poeta pernambucano Manuel Bandeira retratou nas cartas e nos poemas que ilustram esta reportagem. O Mycobacterium tuberculosis instala-se nos pulmões de 9 milhões de pessoas a cada ano no mundo e mata um indivíduo a cada 15 segundos.
Clique aqui para ler o texto completo na edição de março de Pesquisa FAPESP.
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