Agência FAPESP – Cientistas dos Estados Unidos e Canadá demonstraram que as concentrações de mercúrio em peixes respondem diretamente a mudanças na deposição atmosférica do elemento químico.
A pesquisa começou em 2001, em Ontário, no Canadá, e foi realizada em lagos experimentais do norte da província. O artigo foi publicado na edição de 17 de setembro da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
“Até agora havia sido difícil estabelecer uma relação direta, por causa de todos os outros fatores que afetam os níveis de mercúrio em peixes e de amplos depósitos de mercúrio que já estão no ambiente”, disse Reed Harris, principal autor da pesquisa, da Tetra Tech.
“Ao adicionar isótopos estáveis de mercúrio a todo um ecossistema por vários anos, nossa equipe conseguiu zerar os efeitos da mudança de deposição atmosférica do mercúrio. Os resultados foram dramáticos”, disse.
Segundo outro autor, Andrew Heyes do Laboratório Biológico Chesapeake, do Centro de Ciência Ambiental da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, a aplicação do isótopo estável revelou um grande impacto no ciclo de mercúrio nos mananciais. “Devemos continuar os estudos para fornecer indicações sobre a mitigação dos impactos de anos de deposição de mercúrio”, disse.
Para testar diretamente a resposta da contaminação de peixes às mudanças de deposição de mercúrio, os pesquisadores realizaram um experimento de ecossistema completo, aumentando a carga de mercúrio em um lago e em seu manancial com a adição de isótopos de mercúrio estáveis.
Os isótopos permitiram que a equipe pudesse distinguir entre o mercúrio aplicado experimentalmente e o mercúrio presente no ecossistema. Isso permitiu examinar a bioacumulação do mercúrio depositado em diferentes partes do manancial. Peixes com concentrações de metilmercúrio responderam rapidamente a mudanças na deposição de mercúrio durante os primeiros três anos do estudo.
“Essa é uma boa notícia. Significa que uma redução de cargas de mercúrio em lagos pode resultar em uma diminuição da presença de mercúrio em peixes dentro de alguns anos”, disse Cynthia Gilmour, do Centro de Pesquisa Ambiental Smithsonian, da Universidade de Maryland. “O estudo mostra os claros benefícios da regulação das emissões de mercúrio e a eficácia a curto prazo da redução de emissões.”
Os níveis de mercúrio no meio ambiente têm aumentado várias vezes em escala global desde a era pré-industrial, devido às emissões de fábricas movidas a carvão, fusão de metais e outras fontes. O mércúrio é persistente no meio ambiente, tóxico para humanos e para a vida selvagem.
O artigo Whole-ecosystem study shows rapid fish-mercury response to changes in mercury deposition , de Reed Harris e outros, pode ser lido por assinantes da Pnas em www.pnas.org.
quarta-feira, 19 de setembro de 2007
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