Dr. Sohaku Bastos, cujo nome completo é Sohaku Raimundo Cesar Bastos, um dos pioneiros da Acupuntura e introdutor da Eletroacupuntura no Brasil (1974), por defender a Acupuntura para todos os profissionais da área da saúde foi criticado pelo Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro, através de um membro do Colégio Médico de Acupuntura em nota no jornal O Globo Zona Sul, assinada pelo Sr. Marcus Vinicius Ferreira, representante do mencionado Colégio.
Tal fato se deve ao trabalho educacional que Dr. Sohaku vem realizando de divulgação do projeto “Acupuntura para Todos” de acordo com o escopo das diretrizes da OMS, em defesa do ensino e da prática da Acupuntura de forma independente e democrática. Quando foi Conselheiro Estadual de Educação do Rio de Janeiro, criou uma legislação educacional (Deliberação CEE 270/01) que instituiu as diretrizes curriculares do ensino da Acupuntura e Terapias Naturais no Estado, contrariando um pequeno segmento ultracorporativista que luta pela exclusividade da Acupuntura em detrimento dos interesses de outros profissionais da saúde e dos anseios sociais.
Segundo decisões judiciais, todavia, a prática da acupuntura no Brasil não é exclusividade de médicos brasileiros registrados no CRM, mas de todos os profissionais da saúde, consoante seus conselhos, visto que não há em nosso país Lei Ordinária que regulamente esta atividade profissional. Entretanto, existe projeto de lei que visa regulamentar o exercício profissional em tramitação no Congresso Nacional. Atualmente, os cursos de acupuntura são autorizados pelos Sistemas Estaduais de Educação ou pelo MEC.
Um fato de alta relevância pode explicar o comportamento agressivo desse grupo corporativista que decorre da seguinte situação histórica: a SMBA (sociedade médica brasileira de acupuntura) associada à AMBA (sociedade médica brasileira de acupuntura) resolveu, em 1998, criar o Colégio Brasileiro de Acupuntura (CBA), entidade representativa dos médicos que praticam acupuntura, perante à AMB (associação médica brasileira). Contudo, a Academia Brasileira de Arte e Ciência Oriental (ABACO), criada por Dr. Sohaku Bastos e seus alunos médicos e não-médicos, já tinha criado e patenteado, anteriormente, a marca Colégio Brasileiro de Acupuntura- CBA. Com isso, tornou-se ilegal o uso da marca CBA (Colégio Brasileiro de Acupuntura) pela SMBA e a AMBA. Esta situação levou estas instituições contrariadas a trocarem o nome de Colégio Brasileiro de Acupuntura (CBA) para Colégio Médico de Acupuntura (CMA). Fica patente que este é mais um motivo para que as instituições criadas por Dr. Sohaku Bastos, e ele mesmo, sejam vítimas de críticas e perseguições por esse grupo.
Pelo fato de ter graduação médica no Exterior (graduação em medicina oriental e bacharel em medicina), além de várias especializações, mestrado e doutorado em Acupuntura, Dr. Sohaku vem sendo criticado pelo corporativismo do Colégio Médico de Acupuntura por não ser inscrito no CRM, embora já tenha realizado a equivalência de estudos no Exterior no Sistema Estadual de Educação, subordinado ao MEC para o exercício da Acupuntura no Brasil. Além disso, possui titulação de professor na área da saúde por universidades no Brasil e de alta qualificação acadêmica no Exterior e foi agraciado com diversas comendas e honrarias, inclusive da Academia Polonesa de Medicina e da Ordem Médica do Sri Lanka. Foi, ainda, conferencista em Eletroacupuntura e Eletrodiagnóstico do curso que forma médicos acupunturistas da famosa Escola Paulista de Medicina da UNIFESP. Qual o médico acupunturista brasileiro que tem este currículo profissional em Acupuntura?
Este segmento ligado ao CREMERJ, entretanto, confunde titulação acadêmica com exercício profissional na esperança de confundir a opinião pública em relação aos profissionais formados no Exterior, mesmo que estes não exerçam a atividade profissional de medicina alopática, desqualificando-os em defesa de seus interesses corporativos. Se Sohaku Bastos estivesse defendendo esse corporativismo estaria sendo aplaudido, como condena a manipulação corporativista é criticado. Isto é ético? O curioso é que esta não é a opinião da classe médica em geral. A classe médica brasileira, pelo contrário, não defende corporativismos, por ter consciência de sua importância no cenário científico-social e do reconhecimento profissional pela sociedade e por outros profissionais da saúde. Isto reforça a tese da necessidade mundial de se trabalhar em equipes multidisciplinares e multiprofissionais, visando o bem do paciente, e não com desconfiança, quando um segmento profissional não colabora com os outros, achando que seu campo profissional pode estar sendo ameaçado por intrusos.
Dr. Sohaku, por exercer cargo público estrangeiro no Brasil, não pode ter vinculação com órgãos públicos brasileiros por exigência do Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty), sejam repartições públicas, conselhos etc. Dr. Sohaku teve que, por força dessa regra, renunciar ao cargo de Conselheiro Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Além de suas funções diplomáticas, limita-se a proferir palestras, ministrar aulas e, na qualidade de fundador do Colégio Brasileiro de Acupuntura da ABACO e do Instituto Sohaku-In, oferecer, também, supervisão técnica em Acupuntura aos médicos, fisioterapeutas e outros profissionais.
O fato de Dr. Sohaku ter sido escolhido pela comunidade japonesa no Brasil e pelo governo do Japão para presidir o Congresso Internacional Brasil-Japão de Acupuntura e Eletroacupuntura no Colégio Brasileiro de Cirurgiões, em outubro passado, incomodou um pequeno segmento de acupunturistas médicos que se acha o dono da verdade. O curioso é que alguns deles foram alunos do próprio Dr. Sohaku.
Os médicos estrangeiros ou formados em medicina oriental deveriam ser mais respeitados em nosso País, pois estudaram esse sistema na fonte e não de segunda ou terceira mão, e são eles, as autoridades no assunto. Dr. Sohaku teve que se afastar do Brasil e de sua família durante muitos anos para estudar em países de línguas estrangeiras, quando alguns críticos ainda estavam nos bancos da escola.
Uma pergunta fica o ar: como ainda há no Brasil segmentos profissionais que se esquecem que estamos vivendo no estado de direito de um sistema democrático? A reposta pode estar nas palavras do saudoso Tom Jobim "sucesso no Brasil é ofensa pessoal", ou mesmo como dizia o jornalista Ibrahim Sued "enquanto os cães ladram, a caravana passa..."
Clarissa Hashimoto Taguchi
Editora de Ecologia da Revista Consciência.Net
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