sábado, 5 de janeiro de 2008

Como se livrar dos agrotóxicos em sua mesa

Trocar alimentos “convencionais” pelos orgânicos e escolher os produtos certos, na estação certa, contribui para uma alimentação livre de produtos químicos. Entenda a melhor forma de fazer isso

Beatriz Monteiro para Época

Novos estudos científicos confirmam: os alimentos orgânicos são mais saudáveis que aqueles produzidos com agrotóxicos. Numa pesquisa da Universidade da Califórnia, tomates orgânicos foram comparados com os convencionais ao longo de dez anos, e o resultado foi que os orgânicos continham mais flavonóides, tipo de antioxidante que auxilia na prevenção de doenças cardiovasculares. Na Suíça, a equipe do pesquisador Lukas Rist constatou um maior teor de ácido rumênico (um nutriente benéfico) no leite materno de mulheres que se alimentavam mais de carne e laticínios orgânicos, em comparação com mulheres que faziam uma dieta convencional.

A oferta desses produtos em feiras livres e supermercados deixou de depender exclusivamente de pequenos agricultores e ganhou escala industrial. O Brasil tem a sexta maior área agrícola do mundo destinada à produção orgânica, segundo a Organics Brasil, organização que promove exportações do setor. A maior parte dessa produção – que inclui soja, sucos, açúcar, castanhas e cachaça – é exportada. No varejo nacional, as frutas e hortaliças ainda são os itens mais procurados entre os orgânicos, e não costumam substituir completamente os convencionais. Para o bolso do brasileiro, esses produtos são caros. Uma fruta orgânica pode ter preço duas a três vezes maior que o de sua versão com agrotóxicos.

Um projeto iniciado no Rio Grande do Sul pretende reduzir a quantidade de agrotóxicos aplicada nas lavouras convencionais, oferecendo uma alternativa mais barata a quem não consegue encher a geladeira com orgânicos mas quer uma alimentação mais saudável. Sob a orientação da Embrapa, centro de pesquisa agrícola do governo, os agricultores aderem voluntariamente a um programa de manejo de pragas sem o uso indiscriminado de defensivos agrícolas prejudiciais ao meio ambiente e à saúde dos roceiros. Maçãs da Serra Gaúcha já entraram no sistema e outras frutas brasileiras estão em processo de certificação, segundo a coordenadora Rosa Sanhueza. Os produtos desse sistema de plantio serão identificados pela sigla PIN (de Produção Integrada) e por um selo do Inmetro (abaixo, uma lista de produtos e os riscos específicos que o uso de agrotóxicos em seu cultivo acarreta para o consumidor).

1. TOMATE
O tomateiro adoece facilmente. Daí o uso intensivo de defensivos químicos no cultivo de larga escala e a alta dose de resíduos tóxicos. O orgânico e o tipo cereja são mais resistentes a pragas e levam menos agrotóxicos
2. CENOURA
Bactérias, fungos e vermes contaminam a cenoura debaixo da terra. A maior parte do agrotóxico fica na casca. Descascar a cenoura a livra de 90% dos resíduos – mas também de nutrientes importantes
3. ALFACE
No sistema convencional, a alface é pulverizada com produtos químicos agrícolas várias vezes. A Anvisa achou resíduos químicos indevidos em 28,68% das amostras de alface – daí a vantagem da versão orgânica
4. MORANGO
Outra planta que atrai pragas e doenças, o que leva ao uso abusivo de defensivos agrícolas. Um morangueiro pode receber 45 pulverizações até a colheita. Na análise da Anvisa, 37,68% das amostras tinham resíduos inadequados 5. MAÇÃ
Os pesticidas aplicados à macieira podem atravessar a casca fina e chegar à polpa da fruta. As maçãs do Sistema de Produção Integrada, com a marca PIN, têm 25% menos pesticidas que as convencionais
6. GOIABA
Ainda mais sujeita ao ataque de pragas que as demais frutas. A versão orgânica é rara e pode conter larvas. O sistema de Produção Integrada ainda estuda um projeto-piloto para a fruta
7. UVA
Segundo a Embrapa Uva e Vinho, o sistema de produção de uvas praticado atualmente é dependente do uso de defensores agrícolas, ainda mais em clima tropical. As versões orgânicas e com a marca PIN têm menos resíduos
8. PÊSSEGO
A época ideal de cultivo do pêssego é de novembro a janeiro. Fora desse período, a fruta costuma ter mais agrotóxico. A versão orgânica é escassa em supermercados, mas é encontrada em algumas feiras do ramo

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