Agência FAPESP – Um novo relatório da Sociedade Norte-Americana do Câncer, divulgado nesta segunda-feira (17/12), traz estimativas sombrias. De acordo com o levantamento, os diversos tipos de câncer serão responsáveis pelas mortes de 7,6 milhões de pessoas este ano, ou cerca de 20 mil por dia.
Além disso, 2007 terá mais de 12 milhões de novos casos da doença. Os números são da primeira edição da Global Cancer Facts & Figures, mais recente publicação da entidade. As projeções são baseadas em dados de incidência e mortalidade da base da dados Globocan 2002, compilada pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc).
O relatório estima que, do total de óbitos, 2,9 milhões ocorrerão em países desenvolvidos, contra 4,7 milhões em nações em desenvolvimento. As regiões mais pobres responderão por 6,7 milhões dos novos casos, ou 55,8% do total.
De acordo com o documento, em países economicamente desenvolvidos os três tipos mais comuns de câncer em homens são, pela ordem, de próstata, pulmão e colorretal. Em mulheres, os tipos são de mama, colorretal e de pulmão.
Nas economias em desenvolvimento, os tipos mais comuns em homens são de pulmão, estômago e fígado. Em mulheres, são: mama, colo do útero e estômago. O relatório destaca que nessas regiões dois dos três tipos da doença em homens (estômago e fígado) e em mulheres (colo do útero e estômago) estão relacionadas com infecções.
Em todo o mundo, cerca de 15% de todas as mortes por câncer estão ligadas a infecções, sendo que o percentual é mais de três vezes maior nos países em desenvolvimento (26% contra 8% nos mais ricos).
“O fardo do câncer está aumentando nos países em desenvolvimento, à medida que diminuem as mortes por doenças infecciosas e a mortalidade infantil. Um número crescente de pessoas vive até idades mais avançadas, quando o câncer costuma ocorrer com maior freqüência”, disse Ahmedin Jemal, epidemiologista da Sociedade Norte-Americana do Câncer e um dos autores do trabalho.
“O peso da doença também aumenta à medida que populações nos países em desenvolvimento adotam estilos de vida dos mais ricos, como uso de cigarros, maior consumo de gordura saturada, alimentos com alta densidade calórica e redução nas atividades físicas”, destacou.
A pesquisa destaca que as taxas de sobrevivência para muitos tipos de câncer são inferiores em economias em desenvolvimento principalmente por causa da pouca disponibilidade de serviços de diagnóstico precoce e de tratamento.
O relatório traz uma seção especial sobre a epidemia do tabagismo. Em 2000, 5 milhões de pessoas teriam morrido em todo o mundo em decorrência do hábito de fumar. Do total, cerca de 30% resultaram do câncer, dos quais 850 mil apenas do pulmão.
Os pesquisadores estimam que o tabaco tenha sido responsável por 100 milhões de mortes em todo o mundo no século 20. O cenário tende a piorar de forma sem precedentes, com a estimativa de que no século 21 o total de mortes pela mesma causa poderá chegar a 1 bilhão – a maior parte nos países mais pobres. O relatório alerta para que o problema seja encarado como uma das maiores prioridades das políticas públicas em saúde.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, 84% dos estimados 1,3 bilhão de fumantes no planeta vivem em países em desenvolvimento. Apenas na China são 350 milhões, o que é mais do que a população dos Estados Unidos (cerca de 302 milhões).