terça-feira, 19 de agosto de 2008

Dieta inadequada na infância pode influenciar desenvolvimento escolar

13/08/2008 - 10h38

da Efe, em Londres

Uma dieta inadequada nos primeiros anos da infância pode afetar o posterior desenvolvimento escolar das crianças, segundo indica um estudo publicado hoje no Reino Unido.

A pesquisa, realizada por especialistas das universidades inglesas de Londres e Bristol, assinala que as crianças que aos 3 anos consumiram muita comida de baixa qualidade nutricional --como alimentos muito processados ou com alto conteúdo de sal e açúcar-- progrediam menos no colégio.

Os especialistas descobriram que, em comparação com outras crianças, as que se alimentaram pior tinham 10% menos probabilidades de alcançar os níveis de desenvolvimento esperados entre os 6 e os 10 anos.

Também comprovaram que o regime alimentar em anos posteriores não tinha tanta influência sobre o desempenho na escola.

O trabalho apresentado hoje se baseou nos dados fornecidos por um estudo da Universidade de Bristol, que acompanha o desenvolvimento de 14 mil crianças desde seu nascimento, em 1991 e 1992.

Para chegar a suas conclusões, os pesquisadores levaram em conta outros fatores que podem afetar o desenvolvimento escolar infantil, como baixa renda dos pais e más condições familiares.

Segundo a especialista em nutrição Pauline Emmett, da universidade de Bristol, o estudo mostra uma sólida associação entre hábitos alimentícios nos primeiros anos de vida e o posterior desenvolvimento escolar, e indica que as primeiras alimentações têm efeitos duráveis, à margem de mudanças posteriores na dieta.

"É muito importante que as crianças tenham uma dieta equilibrada desde a primeira infância, caso queiram tirar o máximo proveito da educação", ressaltou Emmett.

sexta-feira, 15 de agosto de 2008

Cresce o número de diagnósticos de câncer de mama em mulheres com menos de 40 anos

Via Minha Vida

Jovens pacientes dispensam os exames preventivos de rotina e ficam mais sujeitas à doença
Linha pontilhada

Pesquisa realizada pelo Hospital do Câncer de São Paulo revela que o número de mulheres afetadas com o câncer de mama cresceu 11% e, hoje em dia, afeta 16% das mulheres com menos de 40 anos. As estatísticas também revelam que uma em cada 20 mulheres desenvolverá esse tipo de doença no decorrer da vida e, pior, em 60% a 70% dos casos, o diagnóstico é feito tardiamente, com o tumor já em fase adiantada.

A doença é a principal causa mundial de morte por câncer da população feminina entre 39 e 58 anos de idade e, no Brasil, estima-se que mais de 40 mil novos casos sejam diagnosticados neste ano. Embora não substitua as visitas ao médico, o maior aliado das mulheres é o auto-exame, responsável por detectar cerca de 75% dos casos. As chances de cura são de 90% quando a doença é detectada no início (tumores de 2 cm, em média). A inspeção visual e a palpação de cada mama pela própria mulher devem ser realizadas geralmente do 7º ao 10º dia após o início da menstruação.

A especialista em Radiologia do Lavoisier Medicina Diagnóstica/ DASA Maria Helena Louveira, lembra que, no caso de jovens, não é indicada a mamografia sem recomendação profissional. Temos que lembrar que este exame inclui a emissão de radiação ionizante. Quando aplicada de forma excessiva, ela pode ser nociva à saúde. Por isso, não devemos antecipar a inclusão da mamografia caso a paciente não tenha histórico familiar ou alterações genéticas que o justifiquem , ressalta.

A mamografia deve ser realizada entre 35 e 40 anos de idade e se submeter e ser repetida anualmente a partir dos 40 anos. Os principais sinais do tumor são o aparecimento de nódulo palpável nos seios ou de ínguas nas axilas, modificações na forma e tamanho das mamas, saída de secreção escura ou com sangue pelo mamilo e modificações na pele, na aréola mamária ou no mamilo. Nem todos os nódulos palpáveis na mama representam um tumor maligno. Também existem as alterações benignas, como os cistos e os fibroadenomas, que podem ser percebidos ao toque e têm evolução favorável , finaliza Maria Helena Loureira.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Resistência à insulina

11/8/2008

Por Alex Sander Alcântara

Agência FAPESP – Um estudo realizado com adolescentes obesos demonstrou a relação entre distribuição da gordura corporal e resistência à insulina, distúrbio que foi verificado em 57,1% dos participantes.

A resistência à insulina é uma desordem metabólica que pode aumentar o risco de doenças crônicas. Segundo os pesquisadores, a gordura do tronco foi significativamente associada com o problema, demonstrando a importância clínica da obesidade abdominal durante a adolescência. O trabalho encontrou também valores elevados de insulina em 40,2% dos adolescentes pós-púberes.

"Os resultados obtidos reforçam a importância do controle de peso para a saúde dos adolescentes tendo em vista as complicações metabólicas apresentadas e o aumento no risco de doenças e agravos não transmissíveis, como diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares", disse a primeira autora do estudo, Luana Caroline dos Santos, professora adjunta de Nutrição da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), à Agência FAPESP.

O trabalho foi publicado na revista São Paulo Medical Journal, tendo como outros autores os professores Isa de Pádua Cintra e Mauro Fisberg, da Universidade Federal de São Paulo, e Lígia Araújo Martini, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (FSP-USP).

Participaram da pesquisa, resultado da tese de doutorado defendida por Luana na FSP-USP, 49 adolescentes obesos – 12 meninos e 37 meninas – com média de idade de 16,6 anos e média de índice de massa corpórea (IMC) de 35 kg/m². Ficaram de fora jovens com doenças crônicas, que tomassem medicamentos alteradores de peso, glicose e do metabolismo lipídico ou que apresentassem peso acima de 120 quilos.

Segundo o estudo, os resultados permitem relacionar o acúmulo de gordura, sobretudo aquele localizado na região central, com a resistência à insulina.

"Identificamos que a obesidade, mesmo em idades precoces, altera o controle metabólico do organismo e aumenta a possibilidade de desordens como a resistência à insulina", disse Luana, ao destacar que a população de estudo se constituía de adolescentes clinicamente saudáveis e que apresentava excesso de peso ainda sem tratamento.

Mudanças alimentares

De acordo com Lígia Martini, orientadora da pesquisa, a resistência à insulina que acomete os adolescentes é similar à verificada em adultos, inclusive com elevação do risco de ocorrência de diabetes tipo 2, hipertensão e doenças cardiovasculares.

"O problema é mais fácil de ser tratado quanto mais precocemente for verificado e envolve mudança de modos de vida, incluindo a prática de atividade física, e a adoção de uma dieta equilibrada para redução e controle do peso. Em alguns casos, pode ser necessária a inserção concomitante de terapia medicamentosa", disse a professora do Departamento de Nutrição da FSP-USP.

Segundo ela, o aumento da ocorrência da resistência à insulina verificado nas últimas décadas se deve à chamada transição epidemiológica, caracterizada pelo aumento nas taxas de mortalidade específica por doenças transmissíveis e pela redução das não transmissíveis, por mudanças de hábitos alimentares e pelo aumento da obesidade. Além disso, pesou também o acelerado envelhecimento da população e a rápida difusão de hábitos e comportamentos, atribuída ao processo de globalização.

"A mudança dos hábitos alimentares verificada na população brasileira certamente representa o fator de maior impacto nesse quadro, associado ao aumento da inatividade física. Os fatores genéticos também são importantes, mas são responsáveis por menos de 10% dos casos de resistência à insulina", afirmou.

Gorduras localizadas

O estudo avaliou a composição corporal de gordura e músculos. Para medir o consumo de alimentos, os participantes anotaram por três dias não consecutivos os alimentos consumidos, incluindo líquidos e suplementos alimentares. A resistência à insulina foi calculada pelo índice Homa-IR (Homeostasis Model Assessment of Insulin Resistance).

"Essa metodologia foi escolhida considerando os objetivos propostos para o estudo. As limitações eram pequenas, como incapacidade de avaliação de indivíduos com peso superior a 120 quilos ou o esquecimento da anotação de algum alimento no registro alimentar para avaliação do consumo alimentar", explicou Luana.

O maior número de meninas se deveu a maior resposta aos anúncios de divulgação do trabalho. "A obesidade no sexo feminino se caracteriza freqüentemente pela maior deposição de gordura na região glúteo-femural (gordura ginóide), enquanto no sexo masculino a deposição ocorre comumente na região abdominal (gordura andróide). A localização da obesidade na região abdominal está mais relacionada à ocorrência de desordens lipídicas, hipertensão, diabetes e aumento do risco cardiovascular", disse.

Segundo a autora, o estudo prosseguiu com o atendimento interdisciplinar dos adolescentes no Centro de Atendimento e Apoio ao Adolescente da Unifesp por dez meses, quando se verificou redução significativa da resistência à insulina. Mas os novos dados ainda não foram publicados.

Para ler o artigo Body trunk fat and insulin resistance in post-pubertal obese adolescents, disponível na biblioteca on-line SciELO (Bireme/FAPESP), clique aqui.